terça-feira, 19 de agosto de 2008

A vida anormal de um sujeito normal - Capítulo 1

Começando a primeira história do San Angeles Duo, uma idéia que eu tive já há alguns meses. Vamos ver o que conseguimos criar a partir dela.

– Oi, mãe. Tô no caminho já. Na verdade, primeiro eu vou buscar a Bia e depois nós dois vamos praí. Não, mãe, não tem perigo. Eu já expliquei pra senhora, ela não morde ninguém desde os anos 70. Trauma dos hippies, ela diz. Não, mãe, ela não disse que a senhora não lava o pescoço. É só que...banco de sangue. Tem um escravo dela que trabalha na Pró-Sangue, ela consegue fácil. Tá, se a senhora faz tanta questão pode levar o crucifixo...mas não adianta nada. É psicológico, e 100 anos de terapia ajudaram a Bia a superar o medo de cruzes. Água benta também não, mãe. Ah! Não esquece de não pôr alho na comida. Mãe, eu sei que o papai adora alho, mas a senhora não vai querer fazer minha namorada derreter no meio do jantar, vai? Já basta o que a senhora fez com a Talita. Mãe, eu tinha explicado pra senhora que ela era vegetariana. Claro que existem zumbis vegetarianos, mãe...só na minha lista de contatos de e-mail tem três. É, os canibais não gostam muito deles, por isso eles acabam meio que se isolando. Como foi hoje no trabalho? Ah, o de sempre: múmias processando arqueólogos por invasão de domicílio, bichos falantes, deuses gregos reclamando que foram descaracterizados no último filme da Disney...mãe, tenho que desligar. É claro que eu tô no viva-voz, mãe, é que tem alguma coisa caída na estrada. Não sei, talvez um goblin ou um dragonete. É, ou talvez seja só uma pedra. Seja como for, eu não vou conseguir passar se não tirar o que quer que seja da frente. Outro, mãe. Tchau.

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